Foto da capa: Andrelly Couto
Reportagem de alunos da UFPA mostra como a falta de saneamento básico afeta quilombolas do Pará e como iniciativas comunitárias buscam garantir dignidade em meio ao abandono
O acesso à água potável e ao saneamento básico, direitos fundamentais assegurados pela Constituição, ainda é negado a diversas comunidades quilombolas do Pará. A precariedade das condições de vida revela não apenas a ausência de políticas públicas, mas também o abandono histórico desses territórios pelo poder público.
Em Igarapé Preto, comunidade quilombola de Oeiras do Pará, o lixo é um dos problemas mais graves. O terreno inclinado favorece o escoamento dos resíduos para os igarapés, justamente os mesmos utilizados para lavar roupas. O contraste é alarmante: mesmo diante do risco de doenças, famílias inteiras continuam dependentes dessas águas por falta de alternativas. A repórter Elane Santos, moradora da comunidade, relata que a convivência diária com os resíduos afeta diretamente a saúde e a dignidade dos moradores.
A ausência de coleta regular e de qualquer sistema de tratamento de esgoto obriga os moradores a improvisar. Uns queimam o lixo, outros enterram, e muitos descartam os resíduos próximos de suas próprias casas. O resultado é um ciclo de degradação ambiental e ameaça constante à saúde pública.

Em Itacuruça, em Abaetetuba, a realidade não é diferente. A água só chega por meio de uma caixa coletiva financiada e instalada pelos próprios moradores. O esgoto é despejado em fossas rudimentares, que representam risco iminente de contaminação. A coleta de lixo, feita apenas quinzenalmente, acumula resíduos por dias a fio, transformando as áreas residenciais em depósitos a céu aberto.
Apesar do reconhecimento legal dos quilombos e da obrigação do Estado em garantir infraestrutura básica, as comunidades seguem à margem das políticas de saneamento. O que deveria ser um direito consolidado é tratado como ausência permanente.
O contraste entre a negligência estatal e a força comunitária é evidente. Projetos como o Ubuntu, criado por jovens recém-formados da Universidade Federal do Pará, tentam implementar práticas sustentáveis de reciclagem e preservação ambiental. A repórter Andrelly Couto destaca que iniciativas como essa demonstram resistência e inovação, mas não substituem a responsabilidade do poder público.

Enquanto o Estado falha em cumprir suas responsabilidades, as comunidades quilombolas do Pará seguem resistindo em condições indignas, pagando com sua saúde e com seu território o preço do descaso.
Assista ao documentário completo no nosso canal do Youtube!
Reportagem e imagens: Elane Santos e Andrelly Couto
Produção: Rafael Lédo e Mateus Chagas
Edição: Deivid Martins
Colaboração técnica: João Nilo Ferreira


Deixe um comentário