Por Elane Santos | Foto: Acervo pessoal
Com mochilas nas costas, terços nas mãos e fé no coração, dezenas de devotos de Nossa Senhora de Nazaré partiram do município de Baião, no dia 2 de outubro, rumo à Basílica Santuário de Nossa Senhora de Nazaré, em Belém, para participar da procissão do Círio de Nazaré, que será celebrada no próximo domingo, 12 de outubro. A peregrinação durou nove dias e percorreu cerca de 270 quilômetros, passando pelos municípios de Mocajuba, Igarapé-Miri, Abaetetuba, Marituba e Ananindeua até alcançar o destino.
Conhecidos como promesseiros de Baião, os devotos se organizaram em grupos e percorreram longas distâncias, caminhando mais de 35 quilômetros por dia, rumo a Belém, movidos pela fé e pela gratidão a Nossa Senhora de Nazaré. Ao longo do trajeto, contam com 18 pontos de acolhimento montados para oferecer apoio aos romeiros e romeiras. Nesses locais, são distribuídos alimentos, água, prestados cuidados médicos, oferecido abrigo para descanso e tudo o que é necessário para que a viagem siga com segurança e esperança.
Muitos desses pontos já se tornaram paradas tradicionais, onde moradores e voluntários aguardam, ano após ano, a passagem dos peregrinos, oferecendo conforto, solidariedade e gestos de generosidade que tornam a caminhada ainda mais significativa.
A maioria dos(as) romeiros(as) faz a caminhada para pagar promessas, como é o caso de Edicelma Cabral, que há dez anos cumpre a promessa que fez a Nossa Senhora de Nazaré. Ela pediu que seu irmão, Jonilson Cabral, que sofreu um grave acidente na noite do dia 12 de junho de 2014, voltasse a andar. Ele ficou em coma e sem movimentar o lado esquerdo do corpo. O acidente afetou o cérebro, causando lesões que possivelmente o deixariam paraplégico.
A caminhada dos promesseiros de Baião começou com a esperança de Edicelma Cabral, devota de Nossa Senhora de Nazaré, ao prometer que, caso o milagre se concretizasse, iriam a pé de Baião até Belém para o Círio de Nossa Senhora de Nazaré, como forma de agradecimento. “Eu fiquei desesperada no hospital. Ajoelhei e pedi muito à santa. Em julho daquele mesmo ano, meu irmão recebeu alta hospitalar e, menos de um mês depois, já começou a movimentar a mão e o pé. E voltou a andar!”, conta Edicelma, emocionada.
Assim, em 2015, a dupla fez sua primeira caminhada de fé. “De lá pra cá, sempre em ano ímpar, que não tem eleição, acompanhamos a romaria. Fizemos em 2017, 2019 e só não viemos em 2021 por causa da pandemia. Retornamos em 2023 e agora, em 2025”, conta a romeira, orgulhosa.
Mais do que uma caminhada física, a peregrinação rumo às festividades do Círio de Nazaré representa uma verdadeira prova de devoção. Cada passo, por mais cansativo que seja, é guiado pela esperança, pela gratidão e pela força da fé que move os corações dos romeiros.


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